CC Radio Portugal

domingo, 19 de julho de 2015

Diante do Espelho!


Diante do espelho eu estava me olhando e não me reconhecia. Quem era aquela? Quem é você? Quem sou eu?

Me perdoe, mas você precisa partir. Você não cabe mais aqui, seu tempo já passou e eu preciso me reinventar. Você fez sua parte bem feita. Foi boa filha, boa amiga, boa namorada, boa aluna, enfim… Você foi boa até demais! Agora chegou a hora de mudar de atitude, de perspectiva, de objetivos e de ângulo.

Vou mudar nosso caminho, nosso destino ou apenas nossa rotina. Preciso de novas experiências, novas histórias e novos encontros. A vida está aí, passando diante dos meus olhos… As pessoas vieram, partiram e eu permaneci aqui. Eu não, você! Mas agora você vai partir para dar lugar a mim. A mulher que nasceu aqui dentro e que agora quer sair para tomar as rédeas da situação.

Não sei quando aconteceu, mas em algum momento eu me perdi de você. Me perdi de mim, dos meus sonhos, dos meus objetivos… Me anulei diante da vida e assim não podemos continuar. Preciso tomar uma atitude. E precisa ser agora!

Eu e você, você e eu. Continuaremos a ser a mesma pessoa. Sempre me lembrarei da nossa linda infância e nossa bagunçada juventude com muito carinho. Mas passado é passado e o presente está aqui, nesse exato instante, ordenando que eu seja nova.

De hoje em diante você fica aqui, no reflexo do espelho e eu vou sair por aí, vivendo e descobrindo em que nos tornamos. Sei que seremos felizes e prometo que vou cuidar de tudo. Mas de maneira diferente, mais madura, mais leve e mais ampla. Vou parar de olhar para os lados e agora vou olhar e caminhar apenas para frente. O futuro está aí, no próximo segundo. Não posso mais perder tempo.

Preciso viver a verdade, a nossa verdade. Não quero mais amores destrutivos, não vou mais de dedicar às pessoas que não nos merecem. Vou manter minhas amigas por perto, mas apenas as verdadeiras. Vou continuar cuidando da saúde e prometo seguir a dieta. Mas eu quero correr o mundo, conhecer novos horizontes, novos ares e novas vistas.

Quero comer pizza sem peso na consciência, quero beijos roubados, quero leveza, astral e saudade. Quero rir do que me alegra e chorar as minhas dores sem vergonha. Quero acreditar que a felicidade existe e basta. Quero esquecer um pouco os problemas, as contas e os desencontros. Quero correr sem pensar, sem cansar, sem pesar. Quero a coragem e a covardia de um amor. Vou pular de paraquedas, aprender a surfar e tomar uma dose de Busca Vida.

Eu sei que nunca pensei em fazer as coisas assim, no impulso, mas calcular demais não deu certo. Me perdoa, mas agora você precisa ir embora. E quando você virar as costas eu vou gritar. Vou me reinventar e tenho certeza que serei criativa.

Autoria: Monika Jordão

Se for para namorar....


Se for para namorar de maneira contida, cheia de dedos fora do lugar e temendo parecer o mais brega dos seres, qual é a graça?

Se for para namorar sem porres às sextas-feiras, cineminha – e pipocas! – aos domingos e saudade imensa às segundas-feiras, qual é a graça?

Se for para namorar sem inventar aqueles apelidos bizarros, sem acreditar que aquela música foi especialmente composta para o casal e sem um pingo de ciúme daquele moço bonito do trabalho dela, qual é a graça?

Se for para namorar com medo de acordar os vizinhos com gemidos, de incomodar os mal-humorados com gargalhadas desenfreadas e de, graças a declarações públicas de amor, virar piada na boca invejosa dos insensíveis, qual é a graça?

Se for para namorar sem possuir uma caixa cheia de lembranças e cartões antigos, sem tirar fotos clichês com o pôr do sol ao fundo e sem saber qual sabor de pizza ela prefere, qual é a graça?


Se for para namorar sem virar a noite começando frases com “Você se lembra do dia em que nós…”, sem dizer “Eu te amo” quando ela parecer insegura e sem afirmar “Logo você ficará boa!” quando a gripe dela chegar, qual é a graça?

Se for para namorar com vergonha de assumir que você precisa de colo, que está com pavor de perdê-la e que você errou feio quando foi grosso, qual é a graça?

Se for para namorar sem vontade de levá-la para voar de balão na Capadócia, passar o Natal em Nova Iorque e comer pastel pelando na feira, qual é a graça?

Se for para namorar sem saber que ela prefere chocolate amargo, que não gosta de presunto e que ama pão com vinagrete, qual é a graça?

Se for para namorar apenas para ter um estepe, por não suportar a sua própria companhia e para dizer aos amigos que você é capaz de conquistar alguém, qual é a graça?

Se for para namorar preocupado com aquilo que os outros vão pensar, importando-se com o que dizem as tias fofoqueiras e com medo de apresentá-la aos seus amigos, qual é a graça?

Se for para namorar apenas para mudar o status do Facebook, publicar no Instagram e ter com quem conversar no WhatsApp, qual é a graça?

Se for para namorar, que seja com coragem de se declarar disposto a matar e morrer por ela – nem que apenas dentro de uma poesia exagerada como só a poesia sabe ser -, senão, qual é a graça?

Autoria: Ricardo Coiro
In: Entenda os homens

VOCÊ NUNCA SABERÁ COMO É ACORDAR COMIGO


Ontem terminamos, não brigamos, não juramos coisas que não iríamos cumprir ontem somente nos cumprimentamos e soltamos as mãos sem pestanejar.

Ontem terminamos o que pra todo mundo nunca aconteceu.

Nossas noites sempre acabavam nas madrugadas, ao som de um despertador atrasado, avisando que a vida estava lá fora e que precisávamos ir, antes do dia amanhecer.

Aquelas roupas jogadas pela casa e o medo de sermos vistos as escondidas na saída da garagem quando faltavam apenas 30 minutos para o nascer do sol.

Você não saberá como é acordar ao meu lado, como é sentir o abraço gostoso de bom dia que eu guardo nos braços. Você não saberá como é bom o café da manhã enquanto eu conto meus planos do dia, enquanto conto os pepinos que passei no dia anterior, ou os abacaxis que tive que descascar no trabalho.

Você nunca me verá andando de pijama pela casa, enquanto procuro os chinelos que se perdem no meio das roupas jogadas, devido a noite anterior.

Não me verá fazendo almoço usando sua camisa, nem o quanto fico sexy de meias e chinelos. Você não estará quando eu cantar sem saber a letra, naqueles dias em que acordarei com o humor de quem ganha na loteria. Não verá o quanto danço bem em cima do sofá, e o quanto a cama serve de trampolim quando toca Wannabe das Spice Gils. Você nunca verá.

Nunca saberá que durmo de bruços e com três travesseiros quando você vai embora.

Nem o quanto penso que poderia ter aceitado ficar, naquele dia em que você implorou que eu dormisse com você, e que eu fui. Deveria ter ficado, deveria ter voltado, deveria ter arriscado dormir em seus braços, só pra saber como é acordar com você.

Nós não sairemos pra passear com os cachorros, não faremos aquela viagem para surfar, nem desceremos aquela ladeira de skate, como combinamos. Não acamparemos naquele feriado, nem participaremos daquela maratona. Não iremos mais nos ver, que não entre essas pessoas das quais não podem saber da nossa ligação.

Você nem teve tempo de escutar minhas piadas, de saber sobre minha vida fora dessa cidade, você não teve tempo de me ver gargalhar até doer a barriga, enquanto tento contar aquela história que só acontece comigo. Você não soube dos meus planos, tão parecidos com os seus, não soube do meu gosto musical e o quanto eu adorava quando tocava um Jay-z no seu carro, é sério.

Do mesmo jeito que começou, acabou antes do sol nascer. E você nunca saberá como é acordar comigo em um domingo.

Autoria: Alessandra MenegazIn: Catwalk