A decepção faz parte da vida. Afirmo perentoriamente que é necessário para o desenvolvimento humano. O desapontamento, na grande maioria das vezes é um impulso para a ação, fornece-nos motivação para crescer e ir ao encontro dos nossos objetivos. A decepção pode considerar-se sempre que identificamos um erro entre aquilo que desejamos alcançar ou que acontecesse e aquilo que realmente alcançámos ou que aconteceu.
Sempre que identificamos esta discrepância, na grande maioria das vezes podemos ficar decepcionados, com os outros ou connosco mesmo.
Mas é extamente essa discrepância que nos permite avançarmos, que nos permite questionarmo-nos, que nos permite olhar a realidade de frente e progredirmos. A decepção é uma forma de frustração, e aprender a lidar com a frustração é uma habilidade necessária para conseguirmos lidar com as nossas emoções de forma funcional.
Mas é extamente essa discrepância que nos permite avançarmos, que nos permite questionarmo-nos, que nos permite olhar a realidade de frente e progredirmos. A decepção é uma forma de frustração, e aprender a lidar com a frustração é uma habilidade necessária para conseguirmos lidar com as nossas emoções de forma funcional.
Na vida adulta, muitas são as vezes que as coisas não acontecem de acordo com as nossas expetativas. Muitas são as vezes que as pessoas não agem de acordo com aquilo que esperamos. Por vezes infligem-nos sofrimento, falham connosco, são ingratas e injustas, levando-nos ao sentimento de decepção. Para lidar com este sentimento de forma a não sairmos denegridos, prejudicados e acima de tudo deprimidos, importa sermos flexíveis, importa acionarmos a aceitação da realidade.
Uma das chaves para lidar com a decepção dos outros, é perceber e tomar consciência que somos todos humanos, e os seres humanos são, por definição, seres imperfeitos. Todos nós, cada um de nós, decepciona alguém, em algum momento ou outro. Reconhecer este fato da experiência humana pode ajudar-nos a lidar com a dor da desilusão, quando se trata de aprofundar a nossa capacidade de amar e conetarmo-nos com a “imperfeição” dos outros.
Todos temos modelos pelos quais aprendemos a agir no mundo.
Essas pessoas transmitem-nos algumas linhas de orientação que nos servem ao longo da vida. São pessoas que admiramos, que idolatramos e que acima de tudo respeitamos. No entanto, essas pessoas de referência também são humanas, cometem erros, deslizes e por vezes injustiças, direta ou indiretamente, acabando por decepcionar-nos. No processo de enfrentar as frustrações (processo de ruptura com o modelo), grandes e pequenas, quer em tenra idade quer na idade adulta permite-nos colocar à prova as nossas habilidade de enfrentamento, e com isso desenvolvermos a capacidade de nos ajustarmos à realidade das situações.
Este processo pode ser complicado, mas aplicando alguns passos você pode conseguir ultrapassar o sofrimento da sua decepção:
- Fale sobre a sua decepção. Abordar o assunto pode parecer fazer piorar a dor no início. Mas, acredito que ao falar sobre os motivos e acontecimentos que o conduziram até à sua decepção pode ser promotor de esclarecimento e da procura de um atenuante. Conversando com amigos, parentes, ou um profissional pode ajudá-lo a processar os sentimentos e a restabelecer o equilíbrio emocional.
- Lembre-se que existem sempre várias versões para uma história. Tente obter mais informações antes de tomar qualquer ação ou tomar qualquer decisão sobre como responder a uma situação.
- Coloque-se no lugar da outra pessoa. Mesmo se você tenha uma opinião diferente, não diga, “Eu nunca faria isso.” Quem sabe, você até poderia fazer se estivesse na mesma posição.
- Seja gentil com você mesmo. A raiva, que pode ser o seu sentimento primário, muitas vezes é uma reação à dor. Tente reconhecer o quão você se sente magoado e tenta amenizar a sua dor com gentileza e bondade. Esforce-se por não ficar demasiado ressentido ou rancoroso.
- Converse com a pessoa que foi alvo da sua decepção, se for possível, pode ser útil, mas às vezes pode piorar as coisas. Então, seja claro sobre o que você pretende alcançar com essa possível conversa. Insultar ou atacar provavelmente não vai ajudar. Procure envolver-se numa discussão realista sobre o que a outra pessoa fez, e o quanto isso tem perturbado você, pode ser útil.
Por exemplo, sempre que você tenta afogar a sua desilusão, negar os seus objetivos e sonhos ou mesmo desistir deles, você está realmente apenas rejeitando quem você é verdadeiramente. Ao subjugar os seus desejos, as suas vontades, os seus objetivos, os seus sonhos, as suas visões, o seu verdadeiro eu, você anula-se. Quando você tenta negar os seus desejos reais, você está apenas consumindo-se. Você pode tentar fingir que está tudo bem e continuar normalmente na sua vida quotidiana, mas você não pode enganar o seu subconsciente. Quando você se separa dos seus valores e daquilo que é significativo para si, a vida começa a ser vivida de forma vazia. Com o tempo, você corre o risco de ir-se afundado num estado de decepção e insatisfação que pode conduzi-lo para um estado de apatia geral. Você começa a viver todos os dias “sem vida”, sem paixão ou entusiasmo. Você passa a sentir-se estéril e vazio. Com alguma naturalidade você pode cair em depressão.
A boa notícia é que lidar com a decepção não tem de ser desta forma. Você não está sozinho na sua desilusão. Todos nós somos susceptíveis à decepção e certamente em algum momento iremos ficar decepcionados. Seja com os amigos, familiares, professores, gestores, colegas de trabalho, enfrentar a decepção é uma realidade da vida. Não é um fenómeno exclusivamente seu. Ainda que na grande maioria das vezes a decepção possa ser disparada por um gatilho do qual você não tem plena consciência, você pode proativamente lidar com isso de uma maneira consciente. Desde que aprenda como lidar corretamente com as suas decepções, você pode levar a vida de forma funcional, em alinhamento com as suas paixões e desejos interiores.
Procure atividades positivas, onde possa energizar-se a si mesmo. Que atividades você mais gosta de fazer na sua vida? Identifique-as. Pode-se escrever isso numa folha de papel, jogar, andar no parque, assistir a um filme de comédia ou conversar com amigos divertidos. Se você acha que ler o seu livro favorito puxa por você, em seguida, pegue no livro e comece a lê-lo. Se dar um passeio à beira-mar ou à volta da sua casa torna-o mais descontraído, em seguida, saia de casa e desfrute da brisa lá fora. Se jogar pode fazê-lo sentir-se melhor, vá em frente e jogue. Faça tudo o que possa fazê-lo sentir-se melhor. Às vezes, simplesmente passar algum tempo sozinho pode ser a melhor maneira para você arrumar as suas ideias e recuperar a energia perdida.
Ligue-se aos seus valores, desejos, interesses e não aos resultados.
Por exemplo, digamos que você foi a uma entrevista na empresa “A”. A Empresa “A” oferece um pacote de benefícios grande, você já ouviu elogios sobre o local. Você pretende fazer uma carreira na empresa “A”. No entanto, você é preterido por outro candidato a quem consideraram como tendo um melhor perfil para o cargo. A empresa passa a ter uma política de apenas aceitar um candidato uma vez a cada dois anos. Não há nenhuma maneira de você tentar de novo nos próximos dois anos. O que você deve fazer a partir daqui?
O segundo passo para lidar com a decepção exige que você olhe para os seus desejos e objetivos e não propriamente para o seu resultado obtido. Comece por reconhecer que um emprego na empresa “A” é apenas uma projeção dos seus desejos internos. O seu desejo interior pode ser o de obter uma carreira desafiante e ter um emprego num ambiente de trabalho dinâmico. Se tentou e não conseguiu um bom resultado, há muitas maneiras para alcançar o seu desejo, como trabalhar na Empresa G, Empresa X, ou mesmo a criação do seu próprio negócio. Trabalhar na empresa “A” era apenas uma das muitas maneiras de você poder conseguir isso.
Neste exemplo, era importante não personalizar a decepção. Ou seja, era importante não ficar decepcionado consigo mesmo, nem atribuir descrédito às suas capacidades ou habilidades. Nestas situações, tal como referido anteriormente é importante encarar a realidade dos fatos, e não entrar num ciclo de negatividade. É importante perceber a razão do abatimento e da frustração, mas depois, com clareza tentar perceber que na base da desilusão está algo bom: os seus desejos. E esses desejos podem continuar a alimentar as suas ações no sentido de chegar onde pretende. A decepção só é prejudicial quando você a usa para o travar, para o imobilizar na sua frustração e impedir que continue em frente.
Liberte-se da sua ilusão mental
In: Excertos do artigo de Miguel Lucas em "como lidar com o decepção"
O segundo passo para lidar com a decepção exige que você olhe para os seus desejos e objetivos e não propriamente para o seu resultado obtido. Comece por reconhecer que um emprego na empresa “A” é apenas uma projeção dos seus desejos internos. O seu desejo interior pode ser o de obter uma carreira desafiante e ter um emprego num ambiente de trabalho dinâmico. Se tentou e não conseguiu um bom resultado, há muitas maneiras para alcançar o seu desejo, como trabalhar na Empresa G, Empresa X, ou mesmo a criação do seu próprio negócio. Trabalhar na empresa “A” era apenas uma das muitas maneiras de você poder conseguir isso.
Neste exemplo, era importante não personalizar a decepção. Ou seja, era importante não ficar decepcionado consigo mesmo, nem atribuir descrédito às suas capacidades ou habilidades. Nestas situações, tal como referido anteriormente é importante encarar a realidade dos fatos, e não entrar num ciclo de negatividade. É importante perceber a razão do abatimento e da frustração, mas depois, com clareza tentar perceber que na base da desilusão está algo bom: os seus desejos. E esses desejos podem continuar a alimentar as suas ações no sentido de chegar onde pretende. A decepção só é prejudicial quando você a usa para o travar, para o imobilizar na sua frustração e impedir que continue em frente.
Liberte-se da sua ilusão mental
É importante trabalhar a sua capacidade
de adaptação às circunstâncias da vida e à mudança, desenvolvendo a sua
flexibilidade de pensamento. Muitas pessoas permanecem num estado
desapontado porque ficam enraizadas nas suas expectativas acerca de como
a realidade deve ser. Se você está decepcionado com alguma coisa, muito
provavelmente pode estar a alimentar certas percepções sobre como as
coisas deveriam ser. Estas percepções não são a realidade, elas são
invenções criadas por si na sua mente, não propriamente falsas, mas
elaboradas nas suas crenças e formas de olhar o mundo. Nem verdadeiras,
nem falsas. Mas se estão contribuindo para a sua decepção, merecem ser
revistas, merecem um outro olhar.
Estas ilusões mentais são
desencorajadoras porque mantêm-no preso num estado negativo. Algumas
dessas ilusões são alimentadas por distorções do pensamento,
impedindo-o de progredir na direção para onde você pretende ir. Lidar
de forma assertiva com o desapontamento requer que você fique ciente das
suas ilusões mentais.
Quando você está desapontado, pergunte a
si mesmo: “o que é que me está a fazer ficar preso neste sentimento? A
que falsas percepções é que eu estou a agarrar-me ? Que ideias fixas da
realidade eu estou a levar em consideração?
Procure essas ilusões, uma por uma.
Pergunte-se como e quando você passou a ter essas ilusões.
Consciencialize-se delas e liberte-se delas. Estas ilusões são o que lhe
dá uma visão errada da realidade. Elas estão impedindo que você aja
construtivamente sobre a sua situação ou viva a sua vida da maneira que
pretende.
Provavelmente perante uma situação como a
descrita anteriormente você ficaria desapontado, essa experiência é
realmente exemplificativa que existia um equívoco no seu pensamento. A
apreciação inicial levou-o a concluir que o que fez e sabia era
suficiente para alcançar o resultado pretendido, que na verdade não foi.
Em vez disso, você pode precisar de aumentar os seus recursos ou mudar a
sua abordagem para alcançar os resultados desejados. A sua decepção tem
realmente como finalidade ajudá-lo a mover-se em direção aos seus
objetivos, e não conduzi-lo para longe como se pensava inicialmente.
Neste exemplo, e sendo abordado de forma
construtiva, iria servir para a obtenção de novas lições, seja sobre si
mesmo, a situação ou mesmo do mundo. Você ganhou alguma coisa que
ninguém mais poderia fornecer-lhe. Como pode um resultado negativo ser um revés se lhe deu algo novo para aprender?
Você chega a um novo nível de consciência e crescimento que nunca teve
antes. A decepção serviu-lhe, promoveu-lhe novos entendimentos e formas
mais funcionais para obter o que desejava.
Avance: foque-se em fazer o melhor que puder
Lidar com a decepção não é definitivamente uma tarefa fácil, mas se você
trabalhar focado nas etapas mencionadas acima, acabará por ajudar a
retirá-lo do estado vazio e confuso que provavelmente se encontra. Ainda
que alguns dos seus objetivos do passado possam ter culminado em
decepção, isso pertence ao passado. Você agora tem a possibilidade de
lidar com as frustrações de uma forma mais funcional e vantajosa para
si. Mantenha-se focado nos seus desejos e nos seus sonhos de vida. Não
olhe os resultados como fracassos usando a decepção como uma paralisia
da ação. Com os seus desejos em mente, continue em frente. Tal como
como transmiti no artigo: Flexibilize-se, adapte-se e tire vantagem da mudança.
No entanto, tome nota para não prender-se ao fracasso ou falha de
alguns dos seus objetivos. Quando você faz isso, começa a cair na
armadilha de associar a sua própria pessoa aos objetivos menos
conseguidos. Isso não é sustentável, porque esses objetivos são apenas
resultados externos, que são impermanentes. Você é muito mais que os
seus resultado ou decepções. Você é aquele que pode aprender e crescer
com isso.
Em cada situação que sabe poder
conduzi-lo ao seu objetivo, escolha as ações que lhe permite viver em
alinhamento com os seus desejos mais íntimos, de acordo com as suas
habilidades, dentro dos seus contextos situacionais. À medida que você
for fazendo isso, não há razão pela qual possa sentir-se para baixo,
porque tem feito tudo aquilo que pode fazer.
Quando você começar a fazer isso, vai perceber que é capaz de viver
conscientemente e livremente em vez de sujeitar-se aos resultados. Você é
capaz de canalizar construtivamente a paixão dos seus desejos mais
íntimos para viver o tipo de vida que você quer.In: Excertos do artigo de Miguel Lucas em "como lidar com o decepção"
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