Para falar de ti Pai, hoje encontrei num poema de Mário Quintana a tua verdadeira essência e que consiste no seguinte:
As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
Sobre um fundo de manchas já cor de terra
Como são belas as tuas mãos
Pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
Na nobre cólera dos justos
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai
Essa beleza que se chama simplesmente vida
E, ao entardecer, quando elas repousam
Nos braços da tua cadeira predileta
Uma luz parece vir de dentro dela
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente
Vieste alimentando na terrível solidão do mundo
Como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento
Ah, Como os fizeste arder, fulgir
Com o milagre das tuas mãos
E é, ainda, a vida
Que transfigura das tuas mãos
Essa chama de vida, que transcende a própria vida
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