Chega a noite...

Chegou a noite... ou melhor dizendo, o suplício!!!
Entre o dormitar e o despertar a pior lembrança esmaga a minha alma.
O meu ser é completamente invadido pelo desgosto de não te ter mais junto a mim.
As lágrimas que teimam em cair e o soluçar oprimido permanecem durante algum tempo até conseguir distrair a mente.

Se a minha alma outrora cinzenta despertava revolta, hoje negra, acorda desgostosa, adormece lavada em lágrimas, vive como se apenas existisse...
Sem motivos, sem esperança, sem vontade..
Hoje resta-me apenas a fotografia que me acompanha diariamente e, embora recordando, o trabalho ajuda a amenizar a dor.
Mas... quando chega a noite...
Sózinha no quarto sou invadida por recordações, episódios vividos, mas o pior, o mais doloroso agarra a razão e a emoção como se de um vínculo eterno se tratasse.
O que uns chamam de viver a vida, eu intitulo o Inferno de viver!
Sem estimulo, cego, surdo e mudo para o tal destino... sem ter vontade de o conhecer.
Chega a noite e a vontade de partir é cada vez maior.
Nem o dia taciturno, ou mais solarengo fazem frente ao penar de um sentimento.
Apenas me rejo pela tua maior preocupação.
Reúno todas as poucas forças existentes para entregar e reforçar a quem comigo também sofre... calado.
Tal como eu, enfrenta o dia na maior parte das vezes sózinho, fazendo um sacrificio enorme para me transmitir que está tudo bem.
Aceito a sua resposta, desviando a sua dor e dar-lhe motivos para que se distraia com temas da actualidade, que também nos fazem acordar para a vida, ainda que... temporáriamente.
Chega a noite.. vou dormitando com um livro nas mãos, desperto e tento perceber onde me encontro e a resposta é automática: Perdida!
Reajo momentaneamente face às obrigações, a passo de caracol mas...
Quando chega a noite o meu único encontro é com o desgosto de viver!